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[Ficha] Seth

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Mensagem por Led de Coma Berenices Qua Abr 22, 2015 9:38 pm
Nome: Seth
Idade: Aproximadamente 25 anos
Sexo: Masculino
Local de Nascimento: Desconhecido
Reino: Atena
Armadura que desejo: Armadura de Ouro de Aquário

Aspecto físico: Apesar de idade desconhecida, Seth aparenta ter por volta de 25 anos de idade. Possui a pele branca como a neve, que contrasta interessantemente com seus cabelos curtos extremamente escuros e espetados. Seus olhos, alaranjados como chamas, lhe conferem um poder quase hipnótico em relação a outras pessoas. Mede um metro e oitenta centímetros e pesa setenta e cinco quilos, distribuídos muito bem em massa muscular, o que lhe confere um porte físico de um atleta. Possui uma cicatriz no interior de seu braço esquerdo, que vai do seu pulso até a altura do cotovelo. Em suas costas possui uma tatuagem feita em forma de escarificação (feita diretamente na pele por algum objeto cortante), que diz “Ordo ab Chao”, o equivalente em latim a “ordem a partir do caos”.

Aspecto Psicológico: Por ter passado anos de sua vida sozinho e perdido, possui um instinto de preservação comparado ao de um animal selvagem e não mede esforços para se salvar de algum perigo. Não consegue fazer laços de amizade, pois não é capaz de sentir apreço por nenhum outro ser humano que encontre no caminho. Possui um comportamento quase psicopata, visto que não sente remorso em tirar a vida e torturar outras pessoas para conseguir o que quer. É quieto e pensativo, e extremamente inteligente e esperto. Possui um temperamento irritadiço, não suportando ser contrariado por outras pessoas, principalmente se souber que tem razão em seu argumento.


História Prévia:

Era tarde de inverno nas gélidas terras do continente antártico. Durante os dias mais frios a temperatura podia chegar aos cinquenta graus negativos, mas jamais se tornava positiva, mesmo nos dias mais quentes.
Essa era uma das tardes mais frias já presenciadas na Antártida. Não que alguém tivesse medido. Primeiro porque o termômetro de mercúrio havia sido inventado há apenas 29 anos, portanto não era uma commodity para grande parte dos habitantes do planeta Terra; segundo porque não havia ninguém naquele continente para presenciar tais temperaturas. É bem verdade, entretanto, que por volta daquela época (ano de 1743) o inglês James Cook navegava pelo mar na tentativa de mapear partes do oceano Pacífico, porém o mesmo só viria a conhecer a Antártida 29 anos depois, pouco antes de ser apunhalado por nativos do Havaí.
O ano de 1743 é um ano icônico no que diz respeito a pessoas de grande influência mundial, afinal, nesse ano nasceram Thomas Jefferson (o famoso presidente norte-americano) e Antoine Lavoisier (o pai da química). Curiosamente, nesse mesmo ano aconteceu algo que mudaria a vida de um determinado homem, algo do qual ele se lembraria por meses, anos, e talvez séculos de sua existência mortal.
É a história desse homem que será contada, mas antes voltemos oito anos, para o ano de 1735.

Em meio a uma forte nevasca que ofuscaria a visão do mais apto lobo silvestre, havia um homem caminhando com dificuldade contra a força do vento, ao mesmo tempo em que estendia a mão na frente do rosto, tentando bloquear, em vão, os pequenos flocos de neve que lhe atingiam o rosto.
O homem era um completo desconhecido, até mesmo para ele. Não lembrava seu nome, nem se lembrava de onde vinha, ou porque estava ali. A única coisa que sabia é que havia acordado uma hora antes com a neve caindo em suas narinas e queimando sua faringe à medida que derretia pelo calor de seu corpo. Levantou-se em um susto e pôs-se a olhar tudo a sua volta. Foi quando a nevasca começou. Intensa, fria, e triste.
Não precisou de muito tempo para perceber que estava perdido e sozinho naquela imensidão gelada, nem que precisava fazer algo rapidamente ou em breve morreria de frio. Precisou de menos tempo ainda para perceber que era extremamente inteligente, e reparou que percebeu isso exatamente pelo fato de ser extremamente inteligente. Assim que começou a se movimentar, já traçava planos para o que faria caso se encontrasse em determinadas situações, e várias delas eram situações ruins para ele.
Andou por quilômetros, e o que lhe pareceram horas, até que parasse para descansar. Sua sensação de frio foi amenizada pelas corridas esporádicas que ele dera enquanto gritava por socorro. Nesse momento revistou seus bolsos à procura de algo que pudesse lhe ajudar a saber quem era, ou o que havia acontecido, mas apenas encontrou um relógio de bolso e um papel escrito com símbolos que ele não conhecia.
O relógio de bolso era dourado como se banhado a ouro, com um design ultramoderno para a época e possuía uma inscrição “Chao” na parte de trás, que o homem pensou ser a inscrição de identificação do fabricante. Seus ponteiros marcavam 18:00h, o que lhe parecia estranho, pois a esse horário o sol já deveria estar sumindo no horizonte. Mas percebeu que poderia estar do outro lado do planeta, então seu relógio de nada valia quando não se sabia onde estava.
Voltou a caminhar por mais alguns passos quando ouviu um uivo longo e alegre atrás dele. Soube, antes de se virar, que se trata de um lobo. Mas estava errado.
Não era um lobo, e sim três. Três grandes e peludos lobos brancos que mais pareciam leões albinos. E ele soube, então, que só havia um motivo para ter achado que ouvira um tom de alegria naquele uivo. E a resposta era simples.
Era porque realmente havia. Na frente daqueles três lobos extremamente selvagens havia uma presa. Um alvo fácil que, a julgar pelo seu tamanho, serviria de comida por um dia inteiro e lhes alimentaria muito bem. Afinal ele era um humano, e carne humana provavelmente era novidade para aqueles lobos.
Os pensamentos do homem foram interrompidos quando, de súbito, um dos lobos (o que parecia ser o macho alfa) correu em sua direção e saltou com os dentes, sedentos por carne, à mostra. O homem não conseguiu correr, ou fugir a tempo, apenas, por um livre ato instintivo, abaixou e viu o lobo passar por cima dele em um voo e cair a dois metros de distância. Era claro que o animal mirava em sua jugular, um lugar onde a presa se tornava alvo fácil.
Os outros dois caminhavam lentamente ao redor do homem, como se estivessem circundando-o, esperando por algo. Talvez esperando pela ordem do macho alfa de atacar (uma ordem que ele não ouviria, mas os animais entenderiam), ou talvez apenas um ato evolutivo para amedrontar sua presa e deixá-la fraca e abatida. Mas não foi isso que aconteceu. No exato momento em que o homem viu o macho alfa vindo em sua direção, algo surgiu em sua mente em uma fração de segundo. Não era uma memória, mas um ensinamento. E então ele soube o que deveria fazer e soube que ali deveria agir mais do que por puro instinto. E ele esperou.
Esperou o lobo chegar à distância de um braço dele e estendeu os seus braços, ao mesmo tempo em que girava seu corpo e se esquivava daquela mordida mortal. Seus braços passaram ao redor do pescoço daquele animal e ele pôde sentir seus pelos macios e quentes. Logo depois ele pôde sentir a sua pele forte e dura. E então ele sentiu os ossos. E com um aperto que poderia quebrar até a mais dura das rochas, ele torceu o pescoço do lobo, que soltou um grunhido parecido com o de um filhote de cachorro e desfaleceu em seus braços.
Ele não sentiu medo, ou remorso. Sabia que estava se protegendo e sabia que a carne do lobo poderia ser comida e seu pelo poderia ser usado para esquentar-se durante um bom tempo. E aqueles outros dois animais também lhe serviriam para algumas coisas, mas agora já era tarde, os lobos haviam fugido como se soubessem que não deveria se meter com aquele homem.
E foi assim que o homem começou sua jornada através daquela terra inóspita e, durante oito anos, apenas preocupou-se em sobreviver e deixar que o destino fizesse seu papel, enquanto ele faria o dele, que era não morrer.
O primeiro ano de sua jornada pelo desconhecido foi extremamente difícil, mas ele superou com força de vontade e com a esperança de voltar para casa em algum momento. O segundo ano foi igualmente difícil, porém mais doloroso. Foi atacado por um urso enquanto dormia (em cobertores feitos de peles de animais) e quase perdeu os movimentos de seu braço esquerdo quando o urso o atacou, não dilacerando por pouco seus nervos. Felizmente, entretanto, ele pôde sobrepujar o urso, que virou seu almoço por cinco dias inteiros. O terceiro e o quarto ano foram mais tranquilos, afinal ele já havia aprendido a caçar e começara a sentir-se bem naquele mundo triste e branco, porém ainda não havia perdido a esperança de voltar para casa.
O quinto e o sexto ano foram anos de aceitação, ele aceitou sua condição de um desconhecido para ele mesmo e aceitou também que poderia ficar naquele lugar pelo resto de sua vida, mas isso não o incomodou. O sétimo ano foi o ano da descoberta. Ele descobriu que havia perdido grande parte da sua humanidade e tudo o que fazia agora era matar para sobreviver e viver um dia de cada vez. Novamente, isso não o incomodou, afinal, sua humanidade já não estava mais tão presente e ele começara a sentir gosto por morte há tempos. A única parte de sua condição como ser humano que ele preservou foi a fala. Todos os dias ele se preocupava em falar o que estava fazendo e conversar com ele mesmo, ou com outros animais, para que não esquecesse as palavras ou o som que elas faziam. Isso lhe era reconfortante, mas nos últimos anos seus monólogos foram baseados em o que fazer para matar um urso mais rápido, ou então quanto tempo um lobo aguentaria naquelas geladas águas que se encontravam por baixo da grossa camada de gelo onde pisava.
No oitavo ano tudo aconteceu.

Era uma das tardes mais frias já presenciadas na Antártida, mas para o homem aquilo não mais importava. Cobria-se com peles de animais e comia suas carnes, mesmo cruas, para se aquecer.
Ele caminhava lentamente por aquelas terras gélidas, em meio à intensa nevasca, quando um barulho (e depois de oito anos sozinho, qualquer som diferente pode ser considerado uma ameaça) chamou sua atenção. No mesmo momento ele se abaixou e virou a cabeça, cerrando os dentes como faria um tigre. Seus músculos se enrijeceram e ele se preparou para atacar (nunca para fugir) a qualquer momento que fosse necessário, e esperou.
Ao longe ele ouviu sons que lhe pareciam feitos por algum animal que ele ainda não encontrara naquelas terras. Não queria pensar que poderiam ser monstros, afinal junto com o que restou de sua humanidade, ele preservou seu ceticismo em relação a tudo, e só acreditava no que via.
Caminhou lentamente, coberto em último nível por pele de lobo, o que lhe garantia uma camuflagem perfeita naquela nevasca. Quando chegava mais perto, os sons iam aumentando e ele ouvia coisas que pareciam ser gritos para afugentar outras presas, como se insinuassem ter poder sobre aquele lugar. E então, de repente, um estampido.
Um alto e assustador estampido ecoou no horizonte ao mesmo tempo em que os gritos cessaram. O homem estava encolhido, com os ouvidos aturdidos diante de tal som, mas mesmo assim continuou, mantendo sua concentração na direção dos sons. E foi chegando cada vez mais perto, escondendo-se atrás de pequenas elevações formadas pela neve, até que ele pôde ver claramente o que havia a frente. Eram seres humanos.
Eram três homens, vestindo roupas vermelhas e amarelas, tremendo de frio e extremamente inseguros. Cada um segurava uma baioneta (que o homem reconhecia por algum móvito que, obviamente, não se lembrava) e ele percebeu que o estampido que ele ouviu foi um tiro que atingiu o olho esquerdo de um pequeno lobo, que jazia no chão em uma poça de sangue.
         - Dá pra acreditar nisso? – Um dos homens falou e foi então que o homem desconhecido percebeu que os sons que ele ouvira eram palavras, uma conversa entre os homens. E os gritos que ele ouvira provavelmente foram gritos de atenção em decorrência da aparição daquele pequeno lobo, que parecia ser apenas um filhote. – O Rei manda a gente pra esse fim de mundo, passando frio e fome, só pra trazer esse velho escroto pra fazer sabe-se lá o quê.
Apesar de não ouvir uma voz diferente desde que se lembrasse, o homem reconheceu um tom de deboche na voz daquele que parecia ser um soldado, a julgar pelo escudo contido em seu peitoral.
         - Não é? – O outro soldado falou. Com a voz mais grossa e mais ressonante. – Aquele merda entra em guerra e nós pagamos o pato. “Missão mais importante”, ele disse. Mais importante pra quem? Eu preferia estar metendo bala na testa daqueles franceses do que vir pra cá num navio caindo aos pedaços.
         - Estamos correndo mais risco de morte aqui do que lá. – Falou o terceiro, que parecia mais novo e inexperiente. Também parecia ser o mais assustado.
Vozes e presenças humanas deveriam ser um alívio e uma salvação para o homem desconhecido, mas não foram. Era um incômodo para ele e a presença daqueles homens ali lhe atiçou até o recôndito mais primitivo de sua mente com apenas uma palavra.
Matar.
E ele obedeceu. Num piscar de olhos aconteceram coisas que qualquer um duvidaria se não estivesse presente.
         - Ei, vovô! – O soldado da voz grossa gritou. – Apresse-se! Não temos todo o tempo do mundo antes de congelar aqui! – E virou-se para os outros dois, falando mais baixo – Como eu odeio esses…
Sua frase não foi terminada. Com um salto incrível o homem desconhecido pulou e deu-lhe um golpe em seu pescoço, empurrando o pomo-de-adão para dentro e instantaneamente sufocando-o, o que o derrubou, de maneira abrupta enquanto segurava sua garganta. O soldado mais jovem mal teve tempo de reagir quando viu o homem vindo em sua direção e chutando-lhe o estômago, ao mesmo tempo em que contornava seu corpo e punha as mãos em sua cabeça. Com um movimento extremamente rápido, o homem girou os punhos e torceu o pescoço do jovem, jogando-o no chão como se joga fora os restos orgânicos de um banheiro.
         - Desgraçado!
O soldado remanescente levantou sua arma e apertou o gatilho. O homem pulou para o lado para desvia-se da linha da bala e logo depois, num movimento quase ensaiado, ele deu uma cambalhota e parou debaixo do soldado, que teve tempo apenas para olhar para baixo e ver de relance um punho que lhe acertou o maxilar e o jogou para trás.
         - Quem é você? – Ele gritou, visivelmente assustado, enquanto rastejava de costas, sem tirar o homem do seu campo de visão.
É possível que o soldado tenha feito uma pergunta sincera, talvez ele realmente quisesse saber quem era aquele homem. Ou talvez fosse apenas um instinto de autopreservação ao tentar adiar o fim com uma conversa sem sentido que não levaria a lugar nenhum. Isso, entretanto, nunca seria sabido, pois logo após o homem pisou-lhe a cabeça, afundando seu crânio e causando-lhe uma morte instantânea.
O homem parou e olhou para o primeiro soldado que tinha derrubado, ainda agonizando, buscando por ar (afinal toda essa ação deve ter durado dez segundos). Seu nariz sangrava e de seus olhos saíam lagrimas, em parte pela tentativa frustrada em respirar, e também pelo fato de saber que estava morrendo. Olhou para aquele homem desconhecido e tentou falar-lhe algo, mas sua voz não saia, por mais que tentasse.
Se o homem ainda tivesse alguma humanidade dentro de si, talvez tivesse cortado o sofrimento daquele soldado, que estava apenas fazendo o seu trabalho. Talvez aquela cena tivesse tocado seu coração e o feito voltar a ser o que era. Talvez. Mas não foi isso que aconteceu, o homem desconhecido ficou ali, olhando para o soldado agonizante que esticava a mão para ele e lhe olhava fundo nos olhos. E ele foi incapaz de sentir remorso, ou mesmo de sentir pena.
Se o soldado ainda conseguisse falar, teria pedido ao homem que lhe cortasse o sofrimento e que o matasse logo. Mas o pedido não saiu. Sua vista escurecia à medida que ele caía vagarosamente no chão, esticando a mão para seu assassino enquanto tentava clamar por ajuda. Não, não era ajuda. Clamava para morrer. Naquele momento a morte lhe salvaria daquela dor maldita e daquela sensação de sufocamento, mas ele sabia que ela logo chegaria. E chegou. Aos poucos já não conseguia mais ver e seu corpo perdia a força. Estranhamente suas sensações finais não foram de sofrimento ou dor. Depois de um tempo tudo pareceu mais calmo e em paz, de modo que ele até se permitiu sonhar. Sonhou que estava em uma linda praia, sentindo o calor do sol em sua pele e observando a imensidão do mar que abria à sua frente. Ao seu lado havia uma criança, uma menina de não mais de seis anos, brincando com um cachorro grande e de pelo bem escovado. Logo atrás se encontrava uma mulher, a mais bela que ele já vira, sorrindo para ele de uma forma que, se ele não a conhecesse, teria se apaixonado prontamente. E ali estava ele, ao lado dos amores de sua vida, ao lado de sua família. Família que ele não mais teria a chance de encontrar.

         - Muito bom, meu jovem – O homem desconhecido virou-se e viu um idoso vindo em sua direção.
Para espanto do homem, o velho pálido estava montado num crocodilo, enquanto um falcão pousava tranquilamente em seu ombro direito, enquanto ele aplaudia com um sorriso malicioso estampado no rosto.
         - Devo dizer que é um prazer conhecê-lo finalmente – Ele disse, calmamente, enquanto parava de aplaudir e afagava a pequena cabeça do falcão, que agora havia descido para sua mão direita. – Oh, perdão, eu não me apresentei! Meu nome é Agares. Eu lhe estenderia a mão, mas entenda que Falcon não gosta de ser trocado.
O homem olhou para ele, demonstrando através do olhar toda a sua confusão e toda a sua vontade de matá-lo. Matá-lo simplesmente porque ele estava ali. Mas ele não se importava com o motivo, ele o faria porque queria fazer, e nada o impedia disso. E então correu na direção do velho com o punho cerrado de tal forma que suas unhas (aparadas eventualmente com os dentes de algum lobo ou com alguma lasca de pedra) perfuravam sua carne e tiravam-lhe sangue. O velho continuou com a aparência passiva, sentado em seu crocodilo que parecia alheio à ameaça de um homem raivoso vindo em sua direção.
         - Esses jovens não aprendem. – Ele disse, enquanto mostrava uma tristeza profunda em sua face e esperava o homem chegar mais perto em sua corrida. Quando ele chegou, por fim, a um metro de distância, Agares encheu o pulmão de ar e proferiu apenas uma frase, com uma voz irreconhecível e assustadora. – Ajoelhe-se perante a mim!
E como uma onda de choque, o homem ajoelhou, contra todas as suas vontades, contra todos os seus princípios. Seu corpo parecia preso ao chão, ajoelhado, de cabeça baixa. Não conseguia se mover, apenas sentia o coração acelerado saltando-lhe pela boca. Sentiu algo que não sentia desde que acordara naquela terra, a sensação de submissão.
         - Bem que Vassago me avisou que haveria resistência de sua parte, aquele maldito profeta, nunca acreditei nele e ele sempre acertou – Ele dizia, divertindo-se às custas do homem que estava ali ajoelhado.
Agares, então, assumiu uma postura mais séria, levantou-se de seu crocodilo de estimação e andou na direção do homem que ali estava sem conseguir se mover, apenas ajoelhado contra sua vontade. Chegou perto e abaixou-se para ficar face a face com o homem, que conseguira levantar sua cabeça ao ponto de encarar-lhe nos olhos. Seus olhos demonstravam raiva, medo e dor, mas Agares não se importou.
         - Preciso que me dê o papel – Ele disse, mas logo mudou de ideia. – Esqueça, você não está em condições de pegá-lo, deixe que eu pego.
O homem viu o velho estender-lhe a mão atrás de sua nuca e estalar os dedos. Sentiu a tensão aumentar até o momento em que Agares trouxe de volta sua mão, dessa vez segurando um papel. O mesmo papel que ele encontrou em seu bolso há oito anos. O mesmo papel que continha símbolos que ele não reconhecia e nem se esforçara para reconhecer. O papel que estivera guardado no bolso dessa mesma calça durante oito anos, e esquecido completamente. Agora dava para ver que ele ainda estava inteiro, apenas um pouco surrado, por incrível que parecesse.
Agares levantou-se e levou o papel até o corpo do lobo que havia sido morto por um dos soldados. Abaixou-se na poça de sangue e viu que o sangue já havia congelado, o que pareceu lhe deixar chateado. Olhou de relance para o homem desconhecido e levou o dedo indicador à boca, como se pedisse para guardar segredo de algo que veria. E o que ele viu ficaria em sua mente por muito tempo.
O velho abaixou e encostou a mão na cabeça do lobo, recitou algumas palavras que não podiam ser entendidas e então algo aconteceu. O lobo abriu vagarosamente os olhos, como se tivesse acabado de acordar de um sono profundo. Levantou a cabeça preguiçosamente enquanto o velho fazia carinho em sua cabeça, dando um leve sorriso. Agares, então, afastou-se do pequeno lobo e deu-lhe espaço para se levantar, o que pareceu demorar uma eternidade. O homem notou que o buraco de bala na cabeça do lobo havia sumido, como mágica. Apesar de ter recuperado sua vida, o lobo levantou-se e olhou ao seu redor como se nada tivesse acontecido. Abanou levemente o rabo enquanto olhava para o homem que lhe dera a vida de volta e virou-se de costas, pronto para começar a correr para algum lugar que nem ele sabia.
Porém não houve tempo. Assim que o lobo começou a correr Agares levantou seu braço, com sua mão esticada, e abaixou-o numa velocidade impressionante. Uma rajada de luz saiu de sua mão e atingiu o lobo, que foi fatiado em dois. Cada metade caiu para um lado, mas da metade que ficou visível para o homem desconhecido, ele ainda podia ver o coração batendo levemente, como num impulso nervoso. O velho chegou perto do lobo, e molhou o papel na poça de sangue que fora formada ali. Sorriu satisfeito enquanto olhava o papel e voltou para o homem, que agora reunia suas últimas forças para tentar se levantar, em vão.
         - Veja bem – Ele abaixou e botou o papel a uma altura que o homem pudesse ver. Ele reparou que havia agora um símbolo desenhado que antes não estava lá, como se o sangue o tivesse feito aparecer. – Está vendo esse símbolo? Esse é o selo de Agares, ou seja, o meu selo. Eu o coloquei aí e o ocultei com um feitiço para que só pudesse ser visto ao ser molhado em sangue, em sua presença. – Ele sorriu maliciosamente – É claro que eu poderia cortar-lhe fora uma orelha para molhar no seu sangue, mas que graça teria? Fazia séculos que eu não fatiava ao meio algum ser vivo, devo dizer que a sensação é incrível.
O homem estremeceu e sentiu seus joelhos queimarem por causa do frio.
         - Você não é muito de falar, não é? – Ele parou e pensou por um segundo. – É verdade, depois de oito anos sem ter com quem conversar, deve ser difícil conseguir expressar suas opiniões. Mas não tem problema, você terá todas as suas respostas. Primeiramente, você não tem um nome. Quem você era antes de vir para cá não interessa mais, você era um reles ser humano esnobe que se gabava de estar com as mulheres mais desejadas da cidade. Mas agora você tem um nome, um nome que eu lhe dou com o maior prazer de todo o mundo.
Agares olhou fundo nos olhos do homem, que lhe retribuiu com um olhar penetrante e até nocivo.
         - Seu nome é Seth – Ele disse, satisfeito. – Não me pergunte o motivo, um dia você talvez descubra, mas enfim… Seja bem vindo de novo ao mundo, jovem. Devo dizer que não imaginava que sua estadia aqui nesse paraíso seria tão bem aproveitada. Eu o trouxe aqui para que você se tornasse uma máquina de matar, mas você realmente me surpreendeu.
O homem desconhecido agora sabia que seu novo nome era Seth, e ele até gostava. Sentiu uma onda de energia percorrer o seu corpo, como se um peso tivesse saído de suas costas, e notou que estava livre para se mover novamente.
         - Por que eu vim parar aqui? – Ele perguntou com a voz embargada, pronunciando suas primeiras palavras em um bom tempo. – Por que precisava que eu me tornasse uma… máquina?
A vontade que Seth tinha em matar Agares havia desaparecido completamente. Agora, como se um feitiço tivesse sido instalado em sua mente, ele via Agares como um mentor, como alguém que lhe dera uma nova chance na vida. Ele se levantou e testou o movimento de suas pernas, feliz por ver que elas não haviam congelado completamente.
         - Isso é uma longa história – Agares se limitou a dizer enquanto subia de novo em seu crocodilo. – Mas ela lhe será explicada quando chegarmos lá.
         - Lá…?
         - Sim, lá. – Ele disse, virando-se para Seth. – Onde o seu destino se encontra com o seu presente. O objetivo pelo qual você passou por esse refrescante desafio. Você veio para cá como forma de treinamento para se tornar um cavaleiro de Atena.
O velho parou de forma dramática, enquanto Seth olhava-o, sem entender.
         - Não pense que me orgulho disso – Agares disse antes que Seth pudesse pensar algo ruim a respeito dele. – Como um bom demônio que sou, eu tenho um certo nojo por Atena e os demais deuses. Até conseguiria me dar bem com Hades, mas aí já é outra história.
         - Demônio…
         - Sim, sim – Ele falou, impaciente. – Você não sabe porque perdeu a memória das suas aulas. Meu nome é Agares, Duque Agares, na verdade. Sou o segundo demônio na hierarquia, para o seu governo, não que eu me importe com isso. Por motivos óbvios, eu vim aqui para lhe buscar e levar até o santuário de Atena, de modo que você possa treinar para se tornar um cavaleiro de ouro. É mais uma dessas baboseiras, sabe? Eu não tenho muita paciência para isso. De onde eu venho nós temos legiões de demônios prontos para atacar quem quisermos, é uma maravilha! Eu adoraria te levar lá para que você conhecesse, mas para isso eu teria que matar você - Ele falou, descompromissadamente, mas percebeu que o corpo de Seth se enrijeceu. – Ah, vamos lá, estou brincando! Eu não interfiro a esse ponto em assuntos terrenos sem que me peçam. E, por sinal, o combinado era só que eu lhe trouxesse para treinar para que se tornasse um valoroso aspirante a cavaleiro, e essa parte eu já fiz. Agora estou levando você embora, então é melhor se apressar em me seguir, meu amigo crocodilo aqui pode chegar a velocidades impressionantes.
         - Então… - Seth disse, enquanto caminhava atrás de Agares. – Atena fez um pacto com um demônio… por mim?
         - Meu jovem – Agares disse, sem olhar para trás. – Suas respostas serão respondidas. Por enquanto apenas fique quieto, está bem? Estou com uma dor de cabeça dos infernos, se é que me entende.


E assim começa a história de Seth, aspirante a cavaleiro de ouro.
_____________________
PS.: Sinto muito pela história longa, todas as partes foram necessárias pra montagem do personagem, se eu diminuísse ficaria mais pobre.
Led de Coma Berenices
Cavaleiro de Bronze
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Data de inscrição : 20/04/2015

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Idade : 30

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Led de Coma Berenices
Cavaleiro de Bronze

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Mensagem por Câncer Sex Abr 24, 2015 7:57 pm
Avaliação
Ficha de Personagem

Meu jovem... Estou sem folego após ler sua ficha, simplesmente perfeita. Adorei o enredo, a forma como conduziu a narração, seu personagem é extremamente cativante. Fiquei muito curiosa para saber os segredos dele e como ele foi parar naquele lugar. Está de parabéns e sua ficha está Aprovada com louvor. Bem vindo ao Reino de Atena.

Câncer
Mensagens : 35

Ficha
VIDA:
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COSMO:
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Pontos : 50

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Nível: 5

Data de inscrição : 28/12/2014

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Nível: 5

Câncer

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Mensagem por Câncer Sex Abr 24, 2015 7:58 pm


Pontos de Seth


Total de pontos acumulados:
HP/COSMO:340
Pontos a distribuir:
HP/COSMO:340
Pontos distribuídos:
HP: 0
Cosmo :00
[Ficha] Seth Separador_athena_by_dandap-d4s4xda
A título de informação:
Estes são os pontos que você irá distribuir no seu personagem ao decorrer da sua evolução. Lembrando que você pode apenas distribuir os pontos uma vez, dividindo-os em HP, COSMO ou os dois ao mesmo tempo. Tenha sapiência!

Câncer
Mensagens : 35

Ficha
VIDA:
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